quinta-feira, 28 de março

Ame sua família

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Amado Timóteo,

Muito obrigado por sua ligação na semana passada. Sou muito grato a Deus por tudo estar bem com você neste início de seu ministério. Você e Mary, e sua jovem família, são motivo de grande alegria para Margy e eu. Nós os amamos e nos regozijamos no que o Senhor está fazendo em suas vidas.

Estou contente em poder colocar no papel algumas idéias sobre a vida familiar de um pastor. É um grande prazer saber que você está preocupado em ser um homem de Deus, não apenas no púlpito e na vida ministerial, mas também em sua própria casa.

Como você sabe, uma das qualificações para o ministério do evangelho é ter uma vida familiar exemplar, sendo alguém “que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)” (1 Tm 3.4-5).

O lar é um microcosmo da igreja. As qualidades da vida espiritual que dão credibilidade ao pastor em casa fornecerão a mesma medida de confiança às pessoas que ele serve na igreja. A vitalidade espiritual que permite sua família seguir com alegria sua liderança assegurará a igreja de que ela está em boas mãos. A vida familiar é, no entanto, muito mais do que apenas um local para mostrar habilidades pastorais. É a própria fornalha na qual estas características são forjadas.

A qualidade de sua vida familiar ou irá lhe investir de credibilidade ou, então, irá roubá-la de você. Você pode imaginar uma mulher na igreja tendo confiança em um pastor cuja esposa é infeliz? As pessoas veriam um homem como um seguro guia espiritual, se seus filhos fossem rebeldes e incontroláveis ou tímidos e oprimidos? Cada vez que você prega a Palavra, ou provê conselhos, ou ainda traz segurança e conforto para pessoas perturbadas, a qualidade de sua vida familiar irá dar o peso necessário às suas palavras. O objetivo da santidade na vida familiar não é a credibilidade, mas sim a glória de Deus. Entretanto, as pessoas sob seu cuidado irão observar atentamente sua vida familiar.

Um pastor ocupado freqüentemente se sente dividido entre as necessidades de sua família e as necessidades da igreja. Se você pensar a este respeito, verá que nunca há competição entre os chamados de sua vida familiar e os chamados do ministério do evangelho. Você serve à Igreja ao servir à família. Todo investimento feito no seu lar pagará os mais altos dividendos para a igreja. Você estará mostrando às suas ovelhas como as graças do evangelho repercutem em sua vida familiar.

Conforme tenho refletido sobre suas perguntas acerca da vida em família, pensei em três assuntos importantes que podem ajudá-lo a organizar seus pensamentos a respeito desta parte da vida: Seja um líder espiritual para sua família. Seja um marido e um pai para sua família. Seja o protetor de sua família.

Seja um Líder Espiritual

A passagem clássica a respeito deste chamado é Deuteronômio 6, quando Moisés está dando aos homens uma visão a longo prazo. Seu foco não é sobreviver e nem conseguir chegar ao fim da semana. Os chamados da liderança espiritual são para que você, o seu filho e o filho do seu filho conheçam e temam o Senhor (v. 2). Esta visão para três gerações o ajudará a resistir às tentações de cair nas conveniências do momento. Como pais, temos preocupações mais importantes do que unicamente o momento — nos preocupamos com o lugar onde nossos netos estarão daqui a cinqüenta anos.

Naturalmente, sua liderança espiritual é imprescindível para a família. Deuteronômio 6.5,6 deixa isto muito claro: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras… estarão no teu coração”.

Sua família precisa ver as riquezas de seu caminhar espiritual um tanto à parte de suas obrigações ministeriais. Sua alegria em Cristo, sua vitalidade como homem de Deus, sua afabilidade face às oposições, seu foco claro na graça de Cristo (não apenas por perdão, mas também por capacitação) será a lente pela qual eles verão todos os seus esforços para ministrar a graça de Deus a eles.

Compartilhe com sua esposa e seus filhos seu dia a dia. Na medida em que você encontra conforto e forças em Cristo, deixe que eles o vejam lendo e meditando na Palavra de Deus. Deixe que eles o observem como um homem de oração e de humildes fraquezas diante de um Deus de força. Nada irá prover sua família com tanto bem-estar quanto o seu amor e devoção a Deus.

Um outro aspecto de grande importância na liderança espiritual é retratar uma visão correta do mundo para seus filhos. Deuteronômio 6 fala disso com bastante pungência. “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te” (Dt 6.6,7).

Seus filhos precisam entender a natureza da realidade. Por trás deste mundo de imagens e sons há um mundo invisível de realidade espiritual que dá sentido ao mundo que vemos, tocamos e com o qual lidamos. A árvore no quintal que provê sombra e morada aos pássaros e esquilos, e também serve para as crianças subirem e até construírem uma fortaleza, existe pela vontade do Deus invisível. É sua criação. Ela existe como um hino de louvor à sua criatividade, sabedoria e capacidade. Ele nos tem dado estas coisas para nosso próprio deleite, para que possamos conhecê-Lo, adorá-Lo e deleitarmo-nos nEle. Como você pode ver, Timóteo, ninguém consegue realmente compreender a árvore sem antes observar o invisível naquilo que é visível.

Ajudar as crianças a entenderem a natureza da realidade requer imaginação. Nossos filhos precisam enxergar aquilo que é invisível aos olhos. Nós, cristãos, somos um povo cujo comprometimento com o mundo invisível da realidade espiritual define nossas interpretações e respostas às coisas que verdadeiramente podemos ver.

A palavra imaginação não é usada em Deuteronômio 6, mas o uso da imaginação é essencial. Seu filho lhe perguntará: “Que significam os testemunhos, e estatutos, e juízos que nós seguimos?” (veja Dt 6.20). Para responder a esta pergunta, o pai precisa engajar a imaginação do filho em eventos do passado, como a escravidão no Egito e a audaciosa e dramática libertação através do braço forte de Deus. Estas histórias por acaso poderiam ser contadas de forma a impressionar as crianças sem que fosse feito uso da imaginação?

Desenvolver a imaginação de seus filhos irá ajudá-los a enxergar aquilo que não é visível aos olhos. Eugene Peterson colocou este assunto da seguinte forma:

A imaginação é a capacidade de fazer conexões entre o visível e o invisível, entre o céu e a terra, entre o presente e o passado, entre o presente e o futuro.

Pense nesta tarefa de ajudar as crianças a enxergarem a natureza da realidade como instrução formativa. Você está dando a elas formas de pensar e entender seu próprio mundo, de maneira enraizada na Bíblia. Nossos filhos não vivem à parte dos eventos e circunstâncias da vida, mas vivem à parte quanto à forma como interpretam e respondem a isto. A chave para a interpretação é a pessoa e a existência do verdadeiro Deus que vivo está.

Passe algum tempo lendo a Palavra com eles todos os dias. Ajude-os a enxergar as glórias e maravilhas de Deus. O Salmo 145 nos dá uma descrição esplêndida deste aspecto da paternidade: “Uma geração louvará a outra geração as tuas obras e anunciará os teus poderosos feitos. Divulgarão a memória de tua muita bondade e com júbilo celebrarão a tua justiça” (Sl 145.4,7). Seus filhos são feitos à imagem de Deus. Eles foram criados para a adoração; ajude-os a serem fascinados por Deus.

Naturalmente, você precisa ajustar o momento dos cultos domésticos de acordo com as limitações físicas e intelectuais de seus filhos. Seja fiel no culto doméstico e esteja certo de que este ato conecte seus filhos ao mundo invisível da realidade espiritual. Aquilo que é invisível e eterno nos capacita a interpretar corretamente o que vemos.

Seja um Marido e Pai

Tenho de lembrá-lo, Timóteo, que você deve renunciar sua vida em favor de Mary. Em Efésios 5.25, Deus o chama para amar Mary com o mesmo amor de auto-sacrifício que levou Jesus a entregar sua vida livremente pela igreja.

Ao se tornar sua esposa, muitos desafios foram colocados diante da vida de Mary. Ela está na berlinda. Há muitas expectativas sobre ela. As pessoas olham para ela, esperando que ela entenda intuitivamente todas as suas esperanças, medos e aspirações. Ela tem de estar sempre pronta a dar um sábio conselho, ou apenas um ombro amigo. Outras mulheres pensam que ela é um compêndio de dicas sobre uma vida de sucesso. Outras, olham para ela a fim de receberem uma aprovação para as próprias vidas. Algumas irão invejá-la e ignorá-la. E ela tem de estar pronta para a hospitalidade ao primeiro soar da campainha. Qualquer interação com seu filho estará sujeita ao escrutínio de algum olho analítico, seja de um imitador ou de um crítico. Ela aceitou passar por todas estas pressões, quando se tornou a esposa de um pastor.

Mary precisa de um marido. Ela precisa de um homem que seja casado com ela, e não com a igreja. Ela foi criada para florescer sob os cuidados de seu marido. Pedro, o apóstolo inspirado, diz que você deve cuidar dela — viver a vida comum do lar, com discernimento. Pedro diz que, enquanto você cuida de sua esposa, como a parte mais frágil, sua vida de oração prosperará.

Leia a Bíblia e ore com Mary todos os dias. Tome algum tempo do seu dia para pastoreá-la. Dê-lhe oportunidades para falar com você sobre suas preocupações, dúvidas e questionamentos, assim como também sobre seus sonhos, objetivos e alegrias. Conheça estas coisas. Facilite a conversação, deixando-a perceber que as coisas que importam para ela são também importantes para você. Ajude-a a encontrar refúgio e esperança na graça de Cristo. Ajude-a a lembrar que graça significa mais do que o perdão; também significa capacitação.

Tenha prazer nela, elogie seu novo corte de cabelo ou o seu vestido novo; separe um tempo todos os dias para olhar em seus olhos, como você costumava fazer quando começaram a namorar. Expresse sua gratidão pela maneira graciosa com que Mary recebe os convidados, fazendo-os sentirem-se em família. Faça com que ela saiba o quanto você aprecia seus esforços para tornar a casa mais bonita. Uma esposa é como uma amável flor. Ela irá desabrochar em lindas cores, enchendo todo o lar com um delicioso aroma de alegria, na medida em que você cria um ambiente encorajador ao crescimento. Encha a sua vida com a luz do sol, ao se deleitar nela e regue-a com um tratamento gracioso e orações. Enquanto cuida dela, você está cuidando da igreja.

Quando Pedro falou sobre a esposa como a parte mais frágil, estava declarando que Deus ordenou ao marido o trabalho pesado na vida familiar. Ele não está falando apenas de carregar as compras e outras coisas mais pesadas, mas sim que o homem deve ser aquele que carrega a responsabilidade sobre seus ombros. Os pesos das preocupações familiares, a educação das crianças, os cuidados e preocupações com a igreja, as lutas para viver com o limitado salário de um pastor — todas estas coisas devem ser suportadas pelo homem da casa. Ela irá, obviamente, ajudá-lo a levar estes pesos, mas você é o responsável pelo trabalho pesado. A sobrecarga de estar ciente do peso da vida não a esmagará, se ela souber que você, como um homem valoroso, está suportando todos os fardos com seus ombros.

Eu sei que você já tem conhecimento destas coisas e está bem fundamentado nestas verdades, mas assim como Pedro, eu o estimulo a lembrar-se delas (2 Pe 1.12,13).

Ao amar e cuidar de sua esposa, você cria um ambiente seguro e estável para seus filhos. Eu me lembro de minha filha, Heather, vindo até mim, quando era apenas uma menininha. Ela disse: “Papai, eu estou feliz porque você me ama”. Eu respondi brincando com ela, “Como você sabe que eu te amo?” “Porque”, ela disse, com muito mais discernimento que o esperado de uma criança de sete anos, “você ama a mamãe”. Oh, como seria bom poder inculcar este discernimento na mente de todo marido e pai! Amar sua esposa faz seus filhos sentirem-se amados.

Na verdade, o oposto também é verdadeiro. Amar seus filhos faz sua esposa se sentir amada. Eu me lembro de uma noite quando as crianças ainda eram pequenas, eu estava engatinhando no chão, brincando com elas. Inesperadamente Margy apareceu atrás de mim e colocou seus braços ao redor de meu pescoço dizendo: “Eu te amo tanto”. Eu respondi: “Eu também te amo, mas, por que você está dizendo isto agora?” Ela disse: “Eu simplesmente te amo”. Agora entendo o que a levou àquela demonstração espontânea de carinho. Eu estava investindo minha vida nas crianças e isto era um investimento que significava tudo para ela; então, isto a fez sentir-se mais perto de mim.

Eu sempre fui fascinado por Efésios 6.4 colocar disciplina e educação nas mãos do pai. Todos sabem que as mães passam muito mais tempo com os filhos. Então, por que isto deveria ser identificado como um chamado dos pais? As mães, obviamente, também são responsáveis pela disciplina e educação dos filhos. Educar os filhos, no entanto, pode não ser tão natural para os homens quanto o é para as mulheres, mas Deus diz que é sua obrigação. O fato deste chamado ter sido designado aos pais, significa que eles devem prover a liderança na educação dos filhos.

Você é o homem de Deus para a liderança na disciplina, correção e motivação de seus filhos. Você tem o importante papel de dividir sua visão desta tarefa com Mary. Você pode ser a referência dela para uma série de questões e também o seu encorajamento, quando ela for tentada a ser muito tolerante ou ainda muito dura. Você pode formar acordos de parceria com Mary sobre quando e como disciplinar. É um chamado específico dos pais assegurar que os filhos sejam criados na disciplina e instrução do Senhor.

Em Gênesis 18.19, Deus diz aos líderes do lar palavras que são tão verdadeiras para nós, como eram para Abraão: “Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do Senhor e pratiquem a justiça e o juízo; para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que tem falado a seu respeito”. Deus irá cumprir todas as suas promessas para Abraão, mas Ele irá fazê-lo no contexto da função de Abraão, como alguém que é fiel a Deus.

Há muitas fases em nossas vidas. Você está na fase do novo ministério e dos cuidados e preocupações com uma jovem família. Haverá outras fases, na medida em que você e sua família amadurecem e envelhecem. É importante que você seja um líder previsível, estável e íntegro. Sua esposa e filhos irão se fortalecer ao vê-lo viver como um homem deslumbrado por Deus, sendo, portanto, cheio de alegria e confiança em todas as fases da vida.

Seja um Protetor

O corpo humano é uma maravilha da sabedoria e criatividade de Deus. O corpo nos provê com algumas analogias muito interessantes, para pensarmos sobre alguns assuntos. A membrana de uma célula humana, por exemplo, ao mesmo tempo em que está aberta àquilo que lhe é desejável, também está fechada para tudo que não é. Você precisa criar “membranas” como esta ao redor de sua família. Algumas das proteções que sua família precisa são comuns a todas, enquanto outras são específicas à família de um pastor.

Como em qualquer família, você precisa afastar as más influências da cultura. Um de meus antigos professores do seminário, Dr. Robert K. Rudolph, gostava de dizer: “Mentes abertas, assim como janelas abertas, precisam de telas para manter os insetos do lado de fora”. Você precisa proteger tudo aquilo que é bom e respeitável através de “telas” para o seu lar. Agora, enquanto as crianças ainda são pequenas, é um bom tempo para você e Mary desenvolverem padrões específicos que irão usar para filtrar o que entra em sua casa. Obviamente, a cultura ímpia e anticristã que a mídia comum oferece não deve ser trazida para dentro do lar.

Haverá ocasiões que você terá de regular inclusive o tipo de acesso que algumas pessoas têm a seus filhos. Você terá de ser muito discreto e sábio com relação a maneira de fazer isto, mas seus filhos (e até mesmo sua esposa, algumas vezes) devem ser protegidos de algumas pessoas que Deus chamou para estarem sob seu pastoreio. Se o propósito de alguém é malevolente, sua família deve ser protegida. Felizmente, não haverá muitas ocasiões em que tal proteção será necessária.

Você também tem de guardar um tempo para sua família, ou não terá mais nenhum tempo junto deles. Esteja certo de organizar sua vida e seu ministério de forma a garantir um tempo com sua família. Eles precisam de tempo com você. Tempo para brincar e para os pequenos prazeres de estarem juntos pensando, meditando ou até mesmo lendo um bom livro. É importante que o papai esteja em casa investindo um tempo na vida familiar, e que abra mão dele somente se houver uma emergência. Que você esteja em casa, com o único propósito de desfrutar de sua família, sem nada mais em sua agenda.

Algumas destas proteções podem ser feitas apenas gerenciando bem a sua rotina, e agendando horários quando não estará ocupado com a congregação que você serve. É bom que suas ovelhas saibam que há ocasiões nas quais é melhor que elas não liguem para você, e também outros momentos nos quais as ligações são sempre bem-vindas. Claro que haverá emergências como doença, morte e crises familiares que cancelarão sua agenda, mas é um bom exemplo aos homens que você serve e um encorajamento às esposas deles, saber que o pastor tem tempo junto de sua família e o preserva.

É sábio que o pastor que tem filhos pequenos mantenha seu escritório de estudos e aconselhamento no prédio da igreja. Se você trabalhar em casa, estará sempre distraído e será pouco produtivo. Seus filhos não entenderão por que o papai não “vem brincar”. Se você trabalhar no prédio da igreja, quando estiver em casa, realmente estará “em casa”.

A casa de um pastor é por definição uma casa aberta. Você quer que sua família tenha alegria em compartilhar a hospitalidade e use todos os seus dons para ministrar a graça de Deus aos outros (veja 1 Pe 4.9,10). E exatamente por esta razão, é importante que você proteja sua família de se perder, enquanto ministra aos outros. Há uma preocupação óbvia aqui. Sua casa deve ser aberta, a fim de que os outros possam se revigorar com a beleza e alegrias de uma vida piedosa no lar. Ao mesmo tempo, sua família precisa ter a ordem de uma rotina normal e previsível.

Se você conseguir manter um equilíbrio apropriado aqui, descobrirá que a casa de um pastor pode ser um lugar maravilhoso para o ministério do evangelho. Numa cultura em que a vida familiar vem desmoronando, as pessoas estão sedentas por ver uma família na qual há alegria e amor por Deus e pelos outros. Você pode encorajar seus filhos a terem um amor sincero por usar sua casa e vida familiar como algo útil para ministrar aos outros. Algumas das melhores lembranças de nossos filhos são de ocasiões quando tínhamos convidados ao redor da mesa, e as pessoas desfrutavam não apenas uma boa refeição, mas também de uma conversa espiritual amistosa.

Proteja sua família, guardando seu coração de querer agradar os homens. A tentação será colocar as expectativas das pessoas de sua congregação antes de sua esposa e filhos. Richard Baxter escreveu um maravilhoso capítulo sobre os medos dos homens em Christian Directory (Diretório Cristão)2. Ele mostra como é impossível agradar a todas as pessoas. Você tem uma multidão para agradar e ao agradar alguém acaba desagradando o outro. Através de várias páginas de grande utilidade, ele mostra a impossibilidade de agradar aos homens e a liberdade de ter apenas um a quem agradar — Deus.

Agradar os homens não é apenas impossível, Timóteo, mas é, também, destrutivo a você próprio e à sua família. Você e Mary precisam se comprometer, graciosamente, a recusarem que as pessoas que você serve preparem a agenda de sua família, ainda que elas se esforcem para isto.

Proteja sua família de todos os desapontamentos e feridas do ministério. Algumas das maiores tristezas do ministério pastoral são aquelas vezes em que o pastor é acusado. Talvez suas boas obras de pastor sejam relatadas como más. Ou, talvez, ele seja objeto de ataques ou cobranças falsas e injustas. Você não irá servir no mesmo lugar por muito tempo, sem passar por estes momentos de tribulação. Mas, lembre-se: você não precisa se defender — seu Defensor é forte.

Sua esposa e seus filhos precisam de proteção durante estes tempos. Eles saberão que você está passando pelo meio de uma tempestade. Eles podem orar e se sensibilizar com isto. Mas, especialmente seus filhos, não precisam ser arrastados por todos os seus estresses, desapontamentos, dores e medos. Mary certamente precisará saber mais sobre a situação do que seus filhos, mas, ainda assim, você poderá poupá-la dos detalhes mais sórdidos, os quais apenas a impediriam de dormir à noite. A idéia aqui não é colocá-la numa redoma, e lutar sozinho durante os períodos de provação. Vocês são uma só carne e você não pode caminhar sozinho. Aprenda a ter Mary como sua confidente, porém, sem fazê-la carregar os fardos.

Deus irá sustentá-lo durante estas provações. Depois da tempestade sempre vem a bonança (veja Sl 66.10-12). Quando você passar são e salvo pela tempestade, será uma bênção que sua esposa e filhos não tenham detalhes para esquecer, ou lutas para destruir qualquer raiz de amargura que tenha surgido.

É um trabalho maravilhoso — o ministério do evangelho. É claro que há provações. Deus nunca nos deixa ir para muito longe, sem nos ajudar a ver nossas próprias fraquezas e profunda necessidade de seu poder e capacitação. E assim como Pedro diz, em 1 Pedro 1.6-9, mesmo quando nossa fé está sendo testada por todo tipo de provação, nós também podemos ter uma alegria que é inefável e gloriosa. Eu tive esta experiência ainda ontem. Conforme colocava meus fardos diante do Senhor, fui tomado por um incrível senso de estar sendo cuidado por Ele, e pela bondade e retidão ao conhecê-Lo e servi-Lo. A alegria inefável e gloriosa é nossa, mesmo em meio a provações. Que Deus poderoso nós servimos!

Oramos freqüentemente para que Deus continue abençoando a você e toda a sua família.

Seguindo na graça,

Pastor Tedd Tripp


Autor: Tedd Tripp

Tedd Tripp é pastor da Grace Fellowship Church, em Hazleton, Pensilvânia, desde 1983. Dr. Tedd é graduado pelo Geneva College (BA em História), pelo Philadelphia Theological Seminary (MDiv) e pelo Westminster Theological Seminary (DMin), com ênfase em Aconselhamento Pastoral.

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