[PVE] O Dízimo é válido nos dias de hoje? (2)

Antes de ler esta postagem, sugiro que leia a primeira, caso não o tenha feito.

Questões secundárias
Quero começar ressaltando que esta discussão acerca do dízimo é secundária em questões de importância a nossa fé, pois como vimos o dízimo praticamente não aparece no Novo Testamento

Sendo assim temos duas ponderações:
1) Como o Piper diz, “toda má teologia fere o povo”; então, devemos buscar ser o mais bíblico possível, instruindo também nossos irmãos.
2) Algumas recomendações de Paulo quanto questões secundárias são pertinentes:

Mas vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os fracos. […] Por isso, se a comida escandalizar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão não se escandalize. (1 Coríntios 8:9,13)

Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. (Romanos 14:5)

Ou seja, por um lado, ame seu irmão explicando a verdade para ele, por outro não escandalize-o.

Vários testemunhos de pessoas que deram dízimos e foram abençoadas por Deus.
Não queremos negar que Deus possa abençoar uma pessoa que na ignorância entrega seu dízimo com alegria. Nem que Deus possa abençoar alguém financeiramente, mas isto nunca é um fim em si mesmo. Nossas finanças nos foram dadas para que mostremos que elas não nos dominam e elas servem para a glória de Deus. Se assim não for toda riqueza é uma maldição. Cabe lembrar que o diabo também pode enriquecer alguém para que esta se afaste da fé.

Assim, a melhor recomendação neste quesito consiste na famosa frase de Lutero:

“Qualquer ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que faça chover milagres todos os dias” (Martinho Lutero).

Invalidade da oferta da viúva
Um irmão comentou que o exemplo da oferta da viúva não seria válido tendo em vista que ainda se estava na Velha Aliança, pois Jesus não havia morrido e que assim foi um exemplo contraditório. Obviamente não foi da intenção do autor dizer que a viúva já fazia parte da igreja primitiva. Mas como a atitude dela foi elogiada por Jesus, ela serve como um modelo para a contribuição da igreja, o que de fato foi seguido pela igreja primitiva, como vemos em Atos e em 2ª Coríntios.

Sem o dizimo, a obra de Deus não vai ter sustento
Isto talvez em alguns lugares seja verdade e o motivo disso ser verdade é porque as pessoas não estavam dizimando com alegria para sustentar a obra de Deus, mas por pura religiosidade; e este tipo de oferta não é agradável a Deus. Tomemos também em consideração o exemplo do Novo Testamento, onde terrenos inteiros eram vendidos e depositados aos pés dos apóstolos para sustento dos pobres (sustento dos pobres não é o mesmo que comprar um jatinho particular, só para deixar claro). Assim, não, não seria melhor aproveitar uma lei boa do Antigo Testamento que é o dizimo para incentivar os irmãos a ofertarem. Porque o que é feito muitas vezes não é incentivo, mas coerção e, bem sabemos, que Deus ama aqueles que dão com alegria.

O dízimo está acima da Lei? [Abraão e Melquisedeque]
Alguns questionaram que como Abraão deu a Melquisedeque o dízimo antes da Lei que assim o dízimo estaria acima da Lei, usando também Hebreus 7 para justificar isso. Segue um excerto do excelente texto de Túlio Cesar Costa Leite, O Dízimo. Sugiro ainda a leitura do texto na íntegra.

Existe uma passagem em Gênesis 14.20 – E de tudo lhe deu Abrão o dízimo – que é usada para defender a prática do dízimo como supra-legal, ou seja, acima da lei. Eis o argumento: Abrão deu o dízimo a Melquisedeque, rei de Salém, antes da Lei ser estabelecida. Logo o dízimo é antes da Lei. Portanto o dízimo perdura após o fim da Lei.

Tomemos outra passagem para testar a validade da argumentação acima – Gn 17.10: Esta é a minha aliança, que guardareis entre mim e vós e a tua descendência: todo macho entre vós será circuncidado. Em Gn 17.23-27 vemos Abraão circuncidando-se a si, a Ismael, e a todos os homens de sua casa. Argumentemos: Abrão circuncidou-se antes da Lei ser estabelecida. Logo a circuncisão é antes da Lei. Portanto a circuncisão perdura após o fim da Lei.

Temos, assim, verificado que se este argumento é procedente para validar o dízimo, é da mesma forma procedente para justificar a prática da circuncisão.

Uma preciosa norma de interpretação afirma que um texto descritivo pode ilustrar uma doutrina, porém não pode ser base de doutrina. Porém é freqüente cair neste erro. […] Portanto, se é correto que não se pode basear doutrina sobre texto descritivo, […] Gn 14.20 ficam invalidados para se justificar a prática atual do do dízimo.

Caso você tenha ainda alguma dúvida, ficaremos felizes em responder. Pergunte ao VE.

Por Vinícius Musselman Pimentel. © Voltemos Ao Evangelho. Website: VoltemosAoEvangelho.com
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